O Cineteatro Camacho Costa recebeu na manhã de ontem a Sessão Solene da Assembleia Municipal de Odemira, no âmbito das Comemorações do 45. aniversário da revolução do 25 de abril. Coube ao Deputado Manuel António Dinis Coelho representar o Partido Socialista no período destinado às intervenções das diversas forças políticas representadas naquela Assembleia.Publicamos na íntegra a intervenção do Partido Socialista de Odemira. Há uma ideia muito consolidada, concorde-se ou não, de que tudo na vida tem um lastro político. Hoje vou tentar falar de política. E porque se está "quase"em campanha para as eleições para o Parlamento Europeu é por aí que começo para dizer que não se iludam com tudo o que por aí se vai dizendo. Mais à esquerda do PS arreganha-se o dente para frisar que o atual governo português segue muito a bitola das regras europeias em vez de seguir um caminho mais autónomo, melhor dizendo, mais "português". Como corolário deste pensamento básico mais à esquerda do PS acrescenta-se que em vez do défice virtuoso que Centeno e Costa têm perseguido se devia abrir os cordões à bolsa, pagando tudo o que os diversos setores profissionais reivindicam, sem curar de se saber se há dinheiro que chegue para isso. Eu sei que é aliciante e que dá votos dizer que o dinheiro para salvar a banca dava para pagar essas reivindicações e para fazer tantas obras de que o país precisa, obviamente na ótica de quem com isso concorda. Mas não vou por aí, ainda que pareça um caminho tão fácil. Não tenho o direito de pensar que os outros estão errados e que eu é que estou certo. Mas tenho o direito à minha opinião e de, também nessa temática, discordar dos meus adversários. Lembro-me das críticas que foram feitas a Mário Soares quando aderiu convictamente aos ideais europeus. Mas ele estava certo. Sou dos que convictamente pensam que Portugal deu muito à Europa mas que dela recebeu ainda muito mais, seja na agricultura, na construção de estradas, escolas e outras infraestruturas, seja na formação profissional, nas ajudas em momentos dramáticos, como aquando dos incêndios recentes, para não falar noutros e não menos relevantes temas. Mas mais à direita do PS diz-se que o atual governo português tem navegado à bolina já que os ventos o têm empurrado para índices de progresso e logo acrescentam que eles próprios teriam feito bem melhor. Não deixam de referir depreciativamente que o progresso conseguido pelo atual governo é o menos relevante no contexto europeu. Não, não é má língua, estão mesmo convencidos disso. Mas nós estamos convencidos do contrário e também temos direito a opinião própria, não temos de concordar com eles. É curioso que interessa também aos partidos à direita do PS criticar o atual governo a propósito da política interna ao mesmo tempo que evitam os temas europeus. E fazem-no por forma a alcandorarem os seus candidatos, sobretudo os respetivos cabeças de lista, ao mais elevado patamar da inteligência, de capacidade e de experiência políticas colocando o cabeça de lista e outros candidatos do PS nos degraus incipientes dessas escadas. Mas esquecem-se que esses candidatos do PS têm provas dadas e que o respetivo cabeça de lista quando teve responsabilidades nas áreas da Segurança Social decidiu aceitar que em Odemira fossem subsidiados cinco lares e outros investimentos na área do apoio à saúde e das crianças, como são exemplos disso a unidade de cuidados continuados e do ensino. Todos aqui, mais à esquerda ou mais à direita do PS, sabem do que estou a falar. Ou querem-nos convencer de que isso que foi feito não esteve certo? Terão coragem de dizer que construir lares, fazer escolas, apoiar crianças e a terceira idade é uma política errada? Se assim pensam então quem apoia o PS tem coragem para discordar e para se orgulhar do que o atual Governo nacional e municipal têm feito em benefício das nossas populações! Mas porque é que mais à esquerda ou mais à direita se fala agora pouco da Europa e muito da política interna portuguesa? Não tenhamos ilusões. Porque o PS é governo e os adversários têm de malhar no PS para tentar convencer o eleitorado de que eles têm mais inteligência, mais capacidade e maior experiência para governar o país e para defenderem na Europa os interesses dos portugueses. Aos nossos adversários direi que o PS não está isento de erros e que também cai por vezes em esparrelas e em facilidades. Mas se queremos sinceramente ter politicas europeias também temos, por vezes, de engolir sapos. As nossas gargantas são tão portuguesas como as dos nossos adversários e alguns de nós também sabem cantar o fado. Mas os eleitores saberão distinguir as vozes daqueles que só conhecem o fado da desgraçadinha. Teremos de ir por outros caminhos, acreditando na Europa para o melhor e fugindo do pior, mas nunca acreditar na Europa para o que nos convém e desdenhar da Europa quando não nos convém. Causa-me espanto que se critique a Europa por tudo e por nada mas que se aproveite o palco europeu para encher a boca de afirmações contra a Europa, melhor dizendo contra a União Europeia. Aqui no Baixo Alentejo também queremos continuar a ser europeus. Pode-se duvidar da Europa mas tem sido da União Europeia que têm vindo os fundos que estão a mudar a paisagem alentejana com a água e com as infraestruturas a criar explorações agrícolas e de outro tipo que dão emprego e mais valor acrescentado e progresso a esta região de Portugal onde temos a sorte de viver. É certo que esta mudança nos tráz outro tipo de problemas de que temos de cuidar. A este propósito quer esta Assembleia Municipal quer o atual Executivo Camarário e diversos setores profissionais ainda bem recentemente discutiram soluções que pensamos deverão ser implementadas para se dar resposta a tais problemas. Afinal não foi com o PS que se ergueu o Alqueva e que se construiu um aeroporto que tanto se criticou mas que agora já não se critica tanto e de que já se vislumbram futuras virtudes? Para além das europeias este ano haverá eleições legislativas. É por isso que os nossos adversários andam tão excitados e, com o devido respeito, tão "assanhados". Falando deste atual Governo começaram por o associar á vinda do diabo, mas como o diabo não veio, mudaram de linguagem e agora comparam-no a um buraco negro que fáz as delícias dos estudiosos do universo. Cá por mim deixava-me disso e deixava essa matéria para os escritores do demo e para os cientistas do Universo. Não foi este Governo que ajudou a superar greves, mediando com sucesso conflitos como os da Autoeuropa, dos estivadores de Setúbal, dos enfermeiros e outros? Mas porque foi este Governo tão causticado? Para os distraídos lembrarei tão somente que em anos eleitorais malhar no Governo e no PS dá votos e que promoter a todos melhores salários e melhores condições de trabalho, se possível ao mesmo tempo para todos, é fácil. O que é difícil é arranjar dinheiro para tudo e para todos ao mesmo tempo. Mesmo assim numa maré de críticas sempre foi com este governo que se repuseram condições de trabalho e rendimentos que no período da Troika tinham sido retirados. E foi com este Governo que baixaram significativamente passes sociais e que por essa via se continua a melhorar as condições de vida das familias portuguesas menos favorecidas. Chega de política por hoje. Não citarei os poemas e os poetas de Abril porque outros já o fizeram aqui hoje ou ainda o farão por certo. Mas perdoem-me os nossos adversários mais sensíveis que, modéstia à parte, o PS e o Executivo atual do Município de Odemira também têm feito trabalho em prol das respetivas povoações com o engenho e a arte que conhecemos dos poemas de Abril. Viva Odemira! Viva Portugal! 25 de Abril Sempre |